segunda-feira, 27 de agosto de 2007

IV Congresso de Jornalistas e Radialistas do Maranhão


Foram três dias de intensa movimentação e debates no IV Congresso de Jornalistas e Radialistas do Maranhão, que movimentou os salões do Rio Poty Hotel, com o tema “Mídia Digital e a Democratização dos Meios de Comunicação”.

O evento reuniu os profissionais da área, e na sua grande maioria, os estudantes. A ausência do Ministro das Comunicações, Hélio Costa e da apresentadora Leda Nagle não tiraram o brilho do evento.

Destaque na noite de abertura para Caco Barcellos, da Rede Globo, que deu um verdadeiro show na sua palestra, revelando até alguns truques que usou em duas reportagens especificamente, chegando até a exibi-las, pra quem gosta de jornalismo investigativo, saiu daquela primeira noite, tenho certeza, que maravilhado.

Na sexta, entramos na seara do jornalismo esportivo, com a presença do narrador esportivo titular de esportes da rádio Jovem Pan, Nilson César. Apesar de termos visto muito pouco sobre jornalismo esportivo em si, a palestra mais parecia de auto-ajuda, de motivação, no estilo: você quer, você insiste, persiste, você consegue. Notamos ainda, a ausências dos debatedores Roberto Fernandes, Juracy Viera e Fernando Souza na mesa.

Logo após, foi a vez de surgir em cena, os diretores e proprietários das emissoras locais, cada um com seu discurso: o Rômulo Barbosa (TV Mirante) falou dos altíssimos custos dos aparelhos, da sua viagem ao Estates e ainda complementou que a TV Digital é mais complicada do que parece e exige dos profissionais da comunicação uma maior qualificação afim de que não se torne também uma fonte de desemprego. Kátia Ribeiro (TV Maranhense), explanava da mudança ao fazer uma TV digital com o pensamento analógico, Edinho Lobão (TV Difusora), por sua vez, de olho no promissor mercado da TV digital, enfatizava o lado “business” e lucrativo que a TV poderá gerar a seus proprietários, então foi inevitável a minha pergunta: O que adiantaria com o advento da TV digital, dentre outras vantagens, a melhor qualidade de recepção, se os programas locais continuarem sendo de péssima qualidade, onde cheguei até a usar a expressão um pouco forte, confesso: medíocres. Não quis de forma alguma ofender nenhum representante da mesa, mas era meu sentimento ali representado e não poderia deixar de passar a ocasião. Se perdermos esse aspecto contestador, estaremos perdendo o motor que impulsiona nossa profissão, ou no nosso caso, futura profissão.

Na palestra da tarde, Gustavo Gindré da Intervozes, desnudou de forma categórica o processo que levou o governo a adotar o modelo de TV digital a ser implantado no Brasil. Destacando ainda que ao usar uma tecnologia que não é sua, o valor da TV digital encarece ao adotar a tecnologia nipônica, pois podemos ficar dependente dos japoneses, além disso, o país precisará pagar royalites. Uma frase chamou atenção: “O Brasil comprou um cortador de grama antes mesmo de plantar a grama”. Complementou ainda que uma ação de inconstitucionalidade e uma ação civil pública devem estar sendo impetradas na justiça contra o acordo firmado para a implantação da TV digital. Eu diria que foi a palestra mais esclarecedora a respeito do tema do Congresso, muito proveitosa.

Ainda foi exibido o documentário do jovem jornalista Caio Cavechini : “Antes, um dia e depois”, com oito histórias de pessoas que passam por algum momento de transformação nas suas vidas.

No documentário, o Autor conta seus erros, medos e interage com os personagens, mostrando que aquilo está sempre em construção.

As histórias se passam em todo o País, desde o interior de São Paulo até nossa terra, isso mesmo Maranhão, mais precisamente em Santa Inês, passando também por Tocantins e Rio de Janeiro. Cada uma delas cativa o expectador, seja pela pura afeição - como no caso de Carolaine e Lorilaine, duas meninas que são acompanhadas no dia de sua adoção - ou pelo oposto disso.

Além dessa, há mais sete situações, sete vidas em mudança, que mostra um pouco da idéia inicial do documentário, se jogar no incerto. Tiri, um romeiro em sua primeira peregrinação à cidade de Aparecida que se emociona ao realizar a promessa cumprida. Paulo Afonso, prefeito que esvazia seu gabinete por não ter sido reeleito. Antônio, trabalhador do Maranhão que é libertado de uma fazenda onde trabalhava em condições de escravo. Pedro, um bispo de uma pequena cidade que se aposenta. Elivânia, mãe de uma família que é obrigada a mudar de casa por causa de uma barragem. R. Júnior, soldado brasileiro que vai para o Haiti. E Márcia, uma transexual que realiza a cirurgia para mudar sua identidade.

No último dia, tivemos a palestra do jornalista Asdrúbal Figueiró, Editor de Operações da BBC de Londres, no Brasil, que explanou sobre os impactos da Mídia Digital na Europa e EUA e a convergência das Mídias na Web. Logo após, foi a vez da palestra do Gerente Geral de Imprensa da Companhia Vale do Rio Doce, Fernando Thompson, que falou do realinhamento dos interesses da corporação aos da imprensa global num jogo de ganha-ganha, com ações que permitam um encontro dos interesses da cia. e da mídia. No debate, ele esquivou-se de comentar o processo de privatização da empresa, dizendo que não iria entrar nessa briga e que a Vale é a favor da democracia.

Não fiquei depois por motivos de ordem profissional, mas me dirigindo especialmente aos estudantes do 1º Período como eu, penso que quem entrou no curso de Comunicação sem saber muito o que era, ou que tivesse vaga noção, saiu desse congresso com duas certezas: ou se apaixonou de vez ou percebeu que não é sua praia. Certamente foi de grande valia todos os ensinamentos e muito coisa ainda vamos vivenciar nesse fascinante mundo da COMUNICAÇÃO!!!


Por Samir Ewerton

Um comentário:

mascotes disse...

olha as fotos: http://kamaleao.com/galeria_kamaleao/iframecentral.php?idgal=145