
Esse texto foi produzido em forma de artigo científico para a disciplina M.T.E.P.B.
Trata-se de um apanhado sobre a visão mercadológica do sexo sob o aspecto da prostituição, exploração sexual infantil, pedofilia, apelação sexual na mídia e mercado pornográfico.
2 MERCADO DO SEXO
2.1 Prostituição
A prostituição absorve milhares de jovens e mulheres e gera enormes benefícios para o crime organizado. A cada ano, milhares de mulheres são traficadas para a prostituição e para a indústria do sexo em todo o mundo. As práticas são extremamente opressivas e incompatíveis com os direitos humanos consagrados universalmente. O mercado sexual é uma forma contemporânea de escravidão e vários indicadores mostram o seu aumento e expansão no século XXI.
Estima (2003, p. 01) afirmou que aproximadamente três quartos das mulheres traficadas não sabem que se destinam a clubes de strip, bordéis ou para as ruas, onde são vendidas a compradores ansiosos. A maioria das mulheres procura escapar da pobreza, da violência e da falta de oportunidades, mas uma vez sob o controle de cafetões, são apanhadas pela prostituição por coação e violência física, sexual e econômica.
A prostituição é uma procura de mercado criada por homens que compram e vendem a sexualidade feminina para seu benefício pessoal e seu próprio prazer. As reformas legais deveriam criar soluções para assistir as vítimas e condenar os culpados. O combate contra a regulação da prostituição é, assim, uma luta de todas as mulheres, porque está em causa o reconhecimento do direito da mulher à dignidade. A legalização da prostituição significa que os Estados criarão regulamentações que permitem que as mulheres possam ser prostituídas.
No Brasil, numa pesquisa do Ministério da Saúde e da Universidade de Brasília indica que no segundo semestre de 2005 quase 40% das prostitutas estavam na profissão há, no máximo, quatro anos. O Centro de Educação Sexual, uma ONG que realiza trabalhos com garotas e garotos de programa do Rio de Janeiro e Niterói, diz que a maioria se prostitui para sobreviver.
No Brasil, convive-se com projetos político-societários antagônicos e contraditórios. Esses projetos vêm-se desenrolando desde o início da década de 90, quando a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes passou a ser foco de muitas ações de combate e prevenção. Mesmo assim, constata-se que, ao lado de um importante movimento pela cidadania, “impera” a impunidade e a justiça de classe.
De acordo com Castro (1995, pp. 149-187), a questão da prostituição perpassa a representação social de "mulher direita" e de "prostituta." Representação esta decorrente da representação dicotômica entre o "mundo de fora" e o "mundo de dentro." A cada qual correspondendo valores sociais, lugares e comportamentos antagônicos que não se interpenetram. A mulher prostituta assume então duas identidades: a de profissional prostituta, que vende o corpo, e a de mulher direita, na qual ela se torna ao sair do ambiente de trabalho. Apesar de este "ser duas" se estruturar com vergonha e culpa, configura-se como uma estratégia de sobrevivência dentro das sociedades contemporâneas, que mantêm sofisticados esquemas ideológicos de controle social e poder.
A respeito da culpa, Castro (1988, p. 127) afirma: a culpa é utilizada como uma das mais eficazes formas de controle social. A culpa garante a necessidade da ação encoberta que se fosse desvelada, no caso da prostituição, geraria uma alteridade diante do sistema, no reconhecimento da sexualidade como expressão legítima de afeto e prazer.
No Brasil já se fala em regulamentação da profissão de prostituta. O passo a passo da atuação das prostitutas no país foi esquadrinhado na nova classificação brasileira de ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O órgão do governo federal catalogou a atividade das profissionais do sexo sob o código 5198-05. Ao reconhecer esse trabalho, o Brasil deu um passo significativo para a regularização das profissionais do sexo.
É importante também lembrar que a prostituição não se resume às mulheres. A cada dia mais e mais homens também caem nesse mercado. Especialmente os homossexuais.
Pontos de encontro homossexuais têm se transformado freqüentemente em zonas de prostituição masculina. A situação é observada não apenas nos grandes centros urbanos, mas também nas pequenas cidades do interior do país.
Couto (2004) comentou que “muitos não estão ali necessariamente para fazer um programa, mas acabam topando qualquer coisa em troca de dinheiro”.
Os estrangeiros carentes de afeto são o principal alvo dos garotos de programa, geralmente nativos negros, pobres, filhos de pais separados e que não assumem a homossexualidade.
Independente de se tratar de uma prostituta ou de prostituto devemos pensar no assunto sob uma ótica imparcial. Se considerarmos o fato de que muitos se prostituem pela sua condição de pobreza, ausência de estudos, abandono familiar ou marginalização pela sociedade concluiríamos que a prostituição é a solução para seus problemas. Ocorre que muitos são coagidos a se prostituírem. E há ainda raros casos em que a prostituição ocorre pela simples busca desenfreada de sexo. O que a caracteriza como problema social e patológico.
Swain (2005, p. 95) diz que a prostituição é um trabalho e ainda, voluntário, é no mínimo, um insulto ás mulheres, é um insulto ao trabalho, é o menosprezo total das condições que levaram tais mulheres a se submeter e mesmo defender a “profissão” que exercem. O que poderia levar uma criança, uma adolescente, uma mulher a este aviltamento senão a força, o poder, o estupro, a violência social que aceita a figura do “cliente” como seqüência de corpos profanados, assujeitados, escravizados? [...] Estariam todas estas mulheres e meninas nos bordéis e nas ruas por sua livre vontade, presas de sua “natureza” perversa?
2.2 Exploração sexual infantil
Há muito se fala sobre as várias e degradantes formas da exploração sexual infantil e suas conseqüências. A prática de submeter crianças à exploração sexual é crime no Brasil previsto não somente no artigo 244 do Código Penal, mas encontra amparo também em legislações nacionais e internacionais, como pactos, convenções e protocolos que protegem a infância e a adolescência. A Convenção 182, da Organização Internacional do Trabalho, sobre as piores formas de trabalho infantil, foi ratificada pelo Brasil, Paraguai e Argentina. O texto dessa Convenção inclui a "utilização, procura e oferta de crianças para fins de prostituição, de produção de material ou espetáculos pornográficos" (Art. 3º) como uma das formas extremas de exploração da infância.
No Brasil, a violência sexual contra crianças e adolescentes tem se manifestado, sobretudo pela exploração sexual comercial (prostituição, tráfico para fins sexuais, turismo sexual e pornografia via internet e pelo abuso sexual). Os grandes avanços tecnológicos são acompanhados também pela criação de redes de pedofilia na internet. Infelizmente, os casos mais graves vêm à tona com denúncias, mas ainda de forma tímida.
As desigualdades sociais e econômicas têm dificultado, para um grande contingente da população, a compreensão do que seja “cidadania”, a noção de direitos políticos e sociais, permitindo o crescimento da violência e agravando a exclusão social.
A prostituição infantil e a exploração sexual de menores estão presentes em todas as capitais brasileiras, principalmente nas cidades litorâneas do Nordeste. Dados estatísticos comprovam que a violência dentro de suas próprias famílias levam a criança e o adolescente por este caminho, os quais são vulneráveis a esse tipo de atitude que causam danos irreparáveis para o seu desenvolvimento físico, psíquico, social e moral. Esses danos podem trazer conseqüências penosas como, por exemplo, o uso de drogas, o abandono dos estudos, a gravidez precoce indesejada, distúrbios de comportamento, condutas anti-sociais e infecções por doenças sexualmente transmissíveis.
Como toda atividade clandestina, a prostituição infantil sempre foi abafada. Na visão da grande maioria das pessoas, não só dos leigos como também dos instruídos, acreditam que os principais clientes que procuram pelos serviços das menores eram os turistas estrangeiros, que vem para o país e se encantam com as mulheres seminuas que encontram nas praias e, por que não, nas ruas. No entanto, o trabalho da polícia mostra que a maioria dos clientes são brasileiros de classe média alta e rica, empresários bem sucedidos, aparentemente bem casados e, algumas vezes, com filhos adultos ou crianças. Além dos empresários estão, também, na lista, os motoristas de caminhão e de táxis, gerentes de hotéis e até mesmo os policiais.
Já do outro lado, prova-se que as meninas são pobres e que moram em uma total miséria na periferia. A primeira relação sexual pode ter ocorrido com o próprio pai, padrasto ou até mesmo seu responsável aos 10, 12 ou 17 anos. Por este motivo as pesquisas demonstram que a garota até poderia tolerar por mais tempo a pobreza e a miséria, mas o que ela encontra em casa é a violência, o abandono e a degradação familiar. Para elas, talvez, seja mais fácil encontrar as dificuldades da prostituição nas ruas do que enfrentar os distúrbios de homens, que ao invés de dar-lhes proteção, abusam delas sexualmente.
Guimarães (2004, p. 03) diz que algumas vezes a mãe não sabe o que acontece ao seu redor, acredita que sua filha possa estar trabalhando em algum lugar "decente" e não tem a mínima idéia de que ela possa estar fazendo programas. Já em outros casos, os próprios pais as levam para se prostituírem. É um trabalho rentável e que gera lucro a toda família, sendo a garota a única prejudicada. Assim, as meninas prostituídas passam a apresentar numerosos transtornos orgânicos e psíquicos, como por exemplo, baixa auto-estima, fadiga, confusão de identidade, ansiedade generalizada, medo de morrer, furtos, uso de drogas, doenças venéreas, irritação na garganta e atraso no desenvolvimento.
2.3 Pedofilia
A Pedofilia é um transtorno parafílico, onde a pessoa apresenta fantasia e excitação sexual intensa com crianças pré-púberes, efetivando na prática tais urgências, com sentimentos de angústia e sofrimento. O abusador tem no mínimo 16 anos de idade e é pelo menos 5 anos mais velho que a vítima.
O abuso ocorre em todas as classes sociais, raças e níveis educacionais.
A grande maioria de abusadores é de homens, mas suspeita-se que os casos de mães abusadoras sejam sub-diagnosticados.
Parisotto (2007) comenta que existem 4 faixas etárias de abusadores: jovens até 18 anos de idade, que aprendem sexo com suas vítimas; adultos de 35 a 45 anos de idade que molestam seus filhos ou os de seus amigos ou vizinhos; pessoas com mais de 55 anos de idade que sofreram algum estresse ou alguma perda por morte ou separação, ou mesmo com alguma doença que afete o Sistema Nervoso Central; e aqueles que não importa a idade, ou seja, aqueles que sempre foram abusadores por toda uma vida.
O sexo praticado com crianças geralmente é oro-genital, sendo menos freqüente o contato gênito-genital ou gênito-anal.
As causas do abuso são variáveis. O molestador geralmente justifica seus atos, racionalizando que está ofertando oportunidades à criança de desenvolver-se no sexo, ser especial e saudável, inclusive praticando sexo com a permissão desta. Pode envolver-se afetivamente e não ter qualquer noção de limites entre papéis ou de diferenças de idade.
Quando ocorre dentro do seio familiar (o abusador é o pai ou padrasto, por exemplo), o processo é bastante complicado. Normalmente interna-se a criança para sua proteção, e toda uma equipe trabalha com o clareamento da situação. Por vezes, a criança é também espancada e deve ser tratada fisicamente. A família se divide entre os que acusam o abusador e os que acusam a vítima, culpando esta última pela participação e provocação do abuso. O tratamento, então, é inicialmente direcionado para a intervenção em crise. Depois, tanto a criança, quanto o abusador e a família devem ser tratados a longo prazo.
Devido ao fato de abuso de menores ser um crime, o tratamento do abusador torna-se mais difícil.
As conseqüências emocionais para a criança são bastante graves, tornando-as inseguras, culpadas, deprimidas, com problemas sexuais e problemas nos relacionamentos íntimos na vida adulta.
2.4 Apelação sexual na mídia
Segundo Marcondes Filho (1986, p. 21) o erotismo transmitido pela televisão, pela publi¬cidade ou pelo cinema carregado de apelos sexuais, atua de forma impositiva. A sexualidade aí não é um ato em que existe a troca, a comunicação, o atuar e o participar junto. Os meios de comunicação, ao con¬trário, apresentam um modo já ritualizado e codifi¬cado de "prazer". Trata-se da utilização, nos gestos eróticos, de movimentos e ações sígnicas, que buscam substituir (por pretender ser sua síntese) a verdadeira atividade sexual. Há a simulação, a caricatura: com a aparência de sexualizar, realiza-se a dessexualização pela redução do sexo ao mecânico, automático, repe¬titivo e vazio.
Na verdade, além de impositivo, o erotismo industrializado pêlos complexos de comunicação para massas é opres¬sivo. Em relação ao homem como receptor (ou seja, nos casos em que se mostra a mulher se despindo ou rebolando de maneira erótica), o fenômeno apresen¬ta duas faces: de um lado, forçando o receptor a uma sensibilização; de outro, exigindo-lhe uma posição (ou uma reação contra isso). De qualquer forma, é-lhe exigida uma manifestação. O erotismo explora elemen¬tos frágeis da afirmação sexual masculina, prejudicada pelo complexo de castração não resolvido. A cobrança de masculinidade permanente é sua opressão.
Embora a cultura do erotismo, produzida indus¬trialmente, tenha essa dimensão opressiva, é o próprio homem que promove esta prática, num jogo alucinan¬te e inconsciente de sadismo e masoquismo. Em seu limite, a promoção das formas de sexualidade sígnica (desde o strip-tease até os bailes de carnaval) promo¬ve o homossexualismo. A indústria da erotização femi¬nina procura exaurir da mulher a feminilidade e a ca¬pacidade de troca, seu caráter humano, deixando-lhe apenas o signo do objeto. A mulher, tornada produto do consumo voyeurista, tem sua sexualidade real neu¬tralizada. Reduzida a signos frios e autonomizados, ela funciona como armadura abstrata de uma idéia de prazer sexual. Neste sentido, pela exclusão das possi¬bilidades reais, humanas, de comunicação e de inter¬câmbio, o homem a negando revela uma postura antes homossexual. O temor da relação igualitária, portanto, bissexual, está na base dessa distinção. A imposição dessa lógica deve-se à dominação masculina na socie¬dade, que será tratada mais à frente.
O erotismo mostra quase tudo. É neste "quase" que está seu maior perigo. No passado, as mulheres mostravam apenas o calcanhar e no trabalho de "des¬coberta" ou de conhecimento privado do corpo do outro se encerrava essa relação dual. Hoje, a mulher esconde apenas a vagina. De um processo de redução crescente da roupa da mulher e em sua aparição em público, que foi subindo cada vez mais o vestido e desnudando progressivamente a parte superior de seu corpo, chega-se na atualidade à cobertura exclusiva de seu sexo. A mulher nua é menos erótica que a mulher com um minibiquíni: o erótico não está na roupa, mas no encobrimento (no segredo, no escondido, no impenetrado, daí as fantasias masculinas, formas que na linguagem simbólica estão condensadas nas pas¬sagens secretas, nas cavernas, na excitação pelo des¬conhecido).
A redução da roupa, assim, limitando a possibili¬dade do prazer a um pequeno território institucionali¬zado como "de prazer", além de objetificar mais nitida¬mente a mulher e depreciá-la como um objeto não total de desejo, separa na prática os sexos e tende à homossexualidade.
A nudez total desfaz o código consumista e ideologicamente mar¬cado pela lógica da mercadoria e da dominação do homem, pois dissolve o mistério do secreto, objeto de toda a indústria de exploração publicitária. A nudez completa é a devolução do próprio caráter integral do sujeito, na medida em que não apareça como repre¬sentante de uma sexualidade reprimida, a saber, como erotismo. O espontâneo na nudez é o que é natural, dimensão esta absolutamente banida da industrializa¬ção do desejo pêlos engenheiros da cultura capitalista.
Marcondes Filho (1986, p. 24) afirma também que no rebolar, na dança do ventre e da vulva instala-se o simulacro. É a simulação de uma determinada sexualidade, que se impõe como única e que ultrapassa o plano do não-codificado, que é o de suas demais formas. Por serem uma padronização daquilo que deve¬ria permanecer livre e espontâneo, essas formas tor¬nam-se meras caricaturas. Toda padronização corres¬ponde a uma submissão à lei, à ordem.
É do interesse do modo capitalista de pensar o imediatismo do consumo, a não-reflexão sobre a natu¬reza do desfrute, a oralidade, o prazer do aqui e agora. O capital não questiona os princípios, a história, as inter-relações, em suma, a totalidade. Em matéria de sexualidade, os princípios do capitalismo são o gozo imediato, o prazer a dois, a satisfação narcisista do desejo. Sexo, bebida, diversão, "curtição" são as máxi¬mas de sua prática. A redução da sexualidade a valores de mercadoria está vinculada à política do amor livre, de autonomização sexual de parceiros acima de qual¬quer ideologia da troca entre individualidades, da "transa" inconseqüente e vai destas formas até as ma¬neiras mais institucionalizadas de prostituição, "saunas" e massagens. Em tudo, o mesmo princípio de masturbação a dois, de prazer solipsista e unilateral.
A televisão, o cinema, a publicidade não mostram o nu masculino nem o homem em poses eróticas; isto pareceria demasiado grotesco. Em relação ao homem não há essa mística do ver (mostrar) o encoberto, como ocorre com a (mulher reduzida à) vagina feminina. En¬quanto o sexo feminino é visto como "projeção ima¬ginária" das fantasias masculinas (embora, ao mesmo tempo, como cobrança e terror pela exigência de ereção permanente), o nu masculino funciona como desa¬fio à masculinidade também, mas não como signo (por¬tanto, neutralização) e sim como atemorização real. A frágil segurança da masculinidade do machismo fica in¬defesa ante um membro ereto: não possui armas ins¬tituídas para racionalizá-lo. A ameaça, portanto, é a do retorno do reprimido de forma intimidadora. Eles escolhem a mulher co¬mo objeto sexual na sua infância até o momento em que pressupõem também nela a existência desta parte do corpo que lhes é imprescindível; com o convenci¬mento de que a mulher falha neste aspecto, ela se tor¬na inaceitável como objeto sexual... Eles permanecem no desenvolvimento do auto-erotismo para o amor objetal, fixados em um lugar, próximo ao auto-erotismo.
Com isso se justifica a relativa maturidade da mu¬lher em relação à sexualidade em comparação com uma situação frágil e incipiente da sexualidade mascu¬lina. Por ter a mulher abandonado a concorrência com o pênis masculino e superado através disso sua "infe¬rioridade" sexual, ela passa a encarar sua relação com os objetos de descarga afetiva e libidinosa de forma a investi-los de valor. Contrariamente, o homem, por não se ter livrado do problema da dualidade ereção/ castração, permanecerá voltado para o investimento li¬bidinoso interno, sempre na busca de prazer que sacie seu pânico da castração. Nesse sentido, não pode orien¬tar a mobilização de energia libidinosa a um objeto, a não ser que este funcione como veículo, instrumento de um desejo, cuja realização é, entretanto, puramente narcisista.
Os rebolados, as danças eróticas da TV, do cinema, do teatro, do carnaval significam uma "masculinização" do psiquismo feminino em relação às eleições desses objetos parciais como simbolizadores fetichistas do sexo. Enquanto, entretanto, isso funciona na mulher como um "ceder às regras do jogo" para ganhar di¬nheiro, projeção, fama, casamento etc., para o homem esse é o jogo todo e o único possível.
A problemática da sexualidade, da forma como ela se manifesta na produção da cultura em massa, é tipi¬camente masculina. Ela se impõe como dominante e nuclear por motivo da dominação do homem (do "pen¬samento masculinista" que pode estar presente tanto no homem como na mulher) sobre a mulher.
Ambas as formas representam estratégias correla¬tas para materializar a mistificação da sexualidade e sua des-humanização, facilmente captáveis e transfor¬máveis em mercadorias de uso e exploração do capital.
Erotismo é materializável. Peças de roupa, ador¬nos, pinturas procuram concretizar o apelo sexual. Bus¬cam compor os elementos desta semântica sexual que fala sem que os sujeitos precisem pronunciar palavras. Ligado a isso e em torno disso que gira o mercado pornô.
2.5 Mercado pornô
O mercado pornográfico é um dos mais rentáveis negócios de todos os tempos. Larry Flynt, empresário e dono do império Hustler, retratado por Milos Forman e Oliver Stone no filme “O povo contra Larry Flynt”, Bob Guccione, da revista Penthouse e Hugh Hefner, dono do Império Playboy, compõem alguns desses milionários da exploração da fantasia sexual. Não esquecendo, porém, que uma fatia gigantesca desse mercado é dominado pelo crime organizado.
Entretanto, a mais nova, rentável e promissora ferramenta desse mercado é a Internet. Com um sucesso devastador e arrecadação bilionária, esse novo negócio aumenta cada vez mais o impulso pornográfico no planeta. Demonstrando, com isso, que, nos próximos anos, boa parte dos lares, com acesso a WEB, estarão conectados em páginas com conteúdo pornográfico. Desfrutando das imagens de corpos nus, sexo e prazeres oferecidos.
Porém, essa ferramenta tem causado problemas e constrangimentos diversos. A Pedofilia, considerada a mais grave infração permeada pela web, tem fortalecido um mal, inigualável, aos jovens e crianças deste mundo. E pessoas tem sido encarceradas pela prática e divulgação de imagens de sexo com crianças. Além do que, outras aberrações tem sido demonstradas, como, por exemplo, a zoofilia. Aliás, dia desses, um americano morreu por ter sido sodomizado por um cavalo. Entretanto, essa prática é legal em alguns estados americanos, onde existem ranchos e fazendas para concretizar o sonho sexual de algumas pessoas com animais.
O problema mais grave, entretanto, é a divulgação e disseminação da pornografia. Pois, alguns empresários da pornografia, usam métodos parecidos com o tráfico de drogas. Primeiro eles oferecem de graça. Depois eles começam a cobrar. Aliás, é desse jeito que o império das ilusões e da criminalidade tem florescido. Agora, qualquer pessoa obtém imagens e vídeos da pornografia, de maneira fácil e gratuita. Onde, muitos milhões de incautos, têm seguido o roteiro dos sonhos proibidos e não sabem que estão doentes. Sim, doentes e viciados, pois o mecanismo da pornografia é o mesmo do Alcoolismo. Mesmo porque, clínicas psiquiátricas e psicológicas, de atendimento desses problemas, já estão sendo espalhadas pelo planeta. E terapeutas familiares têm travado uma batalha árdua nos lares.
Assim, interessados nessa manobra, estão alguns donos de Revistas pornográficas - que controlam, muitas vezes, impérios de publicação ou canais de televisão, a Máfia dos diversos paises, o crime organizado, o narcotráfico, empresários da prostituição, o mercado dos filmes adultos, a indústria do divertimento, alguns grandes conglomerados da internet, algumas empresas de chats e telefonia celular, etc.
Dezenas de milhões de lares no planeta já foram invadidos, sem que as pessoas, pais e mães, ou um ou outros, saibam. E é tão grave o assunto, que a maioria dos que acessam a pornografia da rede mundial de computadores é adulto, masculino, dos 18 anos para cima, com picos nos da meia idade. Pessoas muito inteligentes e que desenvolveram aptidão para olhar imagens e textos pornôs.
Segundo Lorente (2004) , a pornografia tem destruído muitos lares. Pois quando o outro cônjuge, pais, familiares, descobrem, já parece, irremediavelmente, tarde demais. Portanto, em menos de 4 anos, mais lares foram destruídos pela pornografia do que o comparativo dos últimos 50 anos. Isso acontece, sem distinção de nacionalidade, cor, etnia ou credo religioso.
Aliás, começa assim: por pura curiosidade, a pessoa envolvida, acessa uma vez. Ai, geralmente, motivadas por um e-mail de conteúdo pornográfico ou oferecimento de um produto com conotação sexual; ou algumas produtoras da WEB que trazem garotas nuas para serem vistas pelos seus assinantes; aquele negócio da garota da semana começam a ver mais e mais vezes. Isto mesmo, só curiosidade. Logo depois, começam a acessar os diversos mecanismos de buscas. Usando palavras, frases, palavrões, órgãos do corpo, partes íntimas, adjetivos, etc., acessam imagens que levam às páginas dos produtores dessas fotos, que podem ser copiadas. Depois, já nessas páginas, outras imagens, mais fortes e mais fortes. Levando ao frenesi do pensamento de alguém que sabia disso, mas não havia visto ou sentido isto. Porém, o gratuito começa a ser cobrado por cartão de crédito, débito ou boleto bancário.
Com "atendimento personalizado", a indústria pornográfica vende sexo a milhões de pessoas pela TV e pela Internet, ferramentas que transformaram um dos negócios mais antigos e desprezados do mundo em um dos mais sólidos e rentáveis da atualidade.
Em quartos de hotéis luxuosos, em casa ou no escritório. Em qualquer canto do planeta, seja pela Internet ou pela TV a cabo ou via satélite, o "cinema para adultos" está ao alcance de todos os interessados.
Lorente (2004) afirmou que trinta milhões de pessoas se conectam diariamente na rede mundial de computadores procurando imagens de sexo explícito em alguma das 260 milhões de páginas que oferecem pornografia, segundo um estudo da empresa de pesquisas sobre a Internet N2H2.
Segundo a revista Forbes em todo o mundo, 250 milhões de pessoas são consumidoras dos produtos e serviços desta indústria, que registra lucros da ordem de 60 bilhões de dólares ao ano.
Lorente (2004) fala que só nos Estados Unidos, os lucros estão avaliados entre 9 e 13 bilhões de dólares ao ano, segundo números extra-oficiais. Destes, cerca de 6 bilhões correspondem à venda de DVD’s e fitas de vídeo.
Neste país, considerado a Meca do pornô, os lucros com as vendas de sexo - que inclui cinema para adultos, serviço de acompanhantes, revistas, clubes noturnos e sex shops, entre outros - duplicam os dos principais canais de televisão do país.
No Brasil - o principal produtor de cinema para maiores da América Latina -, o setor tem um faturamento de 30 milhões de dólares ao ano, segundo a Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico.
E este mercado está em franca expansão: depois da desvalorização do real, americanos e europeus vêm ao Brasil para rodar filmes mais baratos, atraídos por praias paradisíacas e mulheres belíssimas.
A demanda para este tipo de filmes cresceu tanto que famosas e luxuosas redes de hotéis mundiais, assim como canais de TV por assinatura e sites de entretenimento na Internet caíram na tentação de oferecer sexo explícito em sua programação.
"Somos um negócio de primeira ordem e ponto final", disse, categórico, Steven Hirsch, presidente dos estúdios Vivid, principal distribuidor de filmes de sexo explícito para grandes redes de entretenimento, como AOL Time Warner, AT&T e Direct TV.
Sexo vende muito e as grandes empresas querem sua fatia do bolo.
Os americanos gastam mais de dez bilhões de dólares por ano com pornografia, o mesmo que em ingressos para o cinema, segundo a revista especializada Adult Video News (AVN), a publicação mais respeitada do setor.
Nos Estados Unidos, os aluguéis de fitas de vídeo e DVD’s com cenas de sexo explícito aumentaram de 450 milhões em 1992 para 800 milhões em 2002, quase o dobro numa única década.
Schlosser (2004, p. 86) disse em 2001, os americanos gastaram 465 milhões (de dólares) em filmes pornô 'pay per view' em suas casas e a maior parte deste dinheiro foi para gigantes do entretenimento, como AOL Time Warner e AT&T.
A demanda por pornografia é tão alta que até grandes corporações como AT&T, General Motors e as redes de hotéis Marriot foram em busca de sua parte no bolo e se tornaram sua principal distribuidora.
Nos Estados Unidos, o epicentro da indústria fica em Chatsworth, em San Fernando Valley (Los Angeles, noroeste), onde estão mais de 200 estúdios.
No vizinho México, a indústria pornográfica começa a emergir e os empresários do setor estão em busca de um mercado de cem milhões de pessoas, que até agora consome este tipo de produtos em versões pirata.
Os produtores querem investir milhões no setor, mas antes querem saber das possibilidades de filmar no país, onde a lei proíbe a produção de filmes pornográficos com atores locais. É que produzir filmes na América Latina tem suas vantagens, sobretudo econômicas.
No Brasil, por exemplo, se pode "fazer um filme de 90.000 dólares por trinta ou quarenta mil, o que torna possível fazer filmes espetaculares com um orçamento mais aceitável para a economia atual", explicou o diretor de cinema John T. Bone à revista AVN.
O Rio de Janeiro sedia a VSDA (Video Software Dealer's Association), que convoca milhares de participantes do mundo inteiro.
Já em Las Vegas, a "cidade do pecado", se realiza a Convenção Anual do Pornô, organizada pela AVN News, que reúne num único lugar a maioria dos estúdios que produzem e distribuem filmes de sexo, ao lado de proprietários de sex shops, empresários de televisão e, certamente, simpatizantes e curiosos.
Mais de 30 mil pessoas visitaram a Convenção no ano passado, da qual participaram 250 estúdios de todo o país, informou a revista AVN.
Mas a Convenção é conhecida especialmente porque durante a sua realização se celebra a entrega dos AVN Awards, uma espécie de Oscars da indústria pornô, que também têm sua versão européia: os "Hot D'Or Awards", celebrados anualmente em Cannes, França.
Segundo um estudo do site TenTop Reviews, crianças e adolescentes são os principais consumidores de pornografia.
A indústria parece não ter limites em muitos países do mundo e muitas vezes usa crianças para satisfazer a demanda de seus consumidores.
O negócio da pornografia infantil - fortemente condenado e perseguido por autoridades do mundo inteiro - gera 3 bilhões de dólares de lucro ao ano, segundo uma empresa de filtragem de mensagens na Internet.